NESsT no BAS 2025: fortalecendo a bioeconomia amazônica com comunidades no centro das soluções

Manaus sediou, nos dias 30 e 31 de julho, a segunda edição do Bioeconomy Amazon Summit (BAS 2025). O encontro, promovido pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil e pela gestora de venture capital KPTL, reuniu mais de dois mil participantes, entre autoridades públicas, investidores, empreendedores e lideranças comunitárias da região. O objetivo foi discutir alternativas sustentáveis para o desenvolvimento da Amazônia, com foco na bioeconomia, na inovação e no fortalecimento de cadeias produtivas baseadas na floresta.

A bioeconomia como vetor de desenvolvimento

O evento ressaltou o papel estratégico da bioeconomia amazônica na agenda climática global. Segundo estudo do World Resources Institute e da iniciativa New Climate Economy, a preservação da floresta, juntamente à expansão da bioeconomia, poderia acrescentar R$ 40 bilhões anuais ao PIB da Amazônia Legal a partir de 2050, além de gerar 312 mil novos empregos, com impactos que podem ser especialmente positivos para comunidades tradicionais e povos da floresta. No entanto, persistem obstáculos como a escassez de financiamento apropriado, os gargalos logísticos e a baixa inclusão de comunidades tradicionais nos mercados e nas discussões sobre o tema— desafios sobre os quais espaços como o BAS buscam lançar luz e construir caminhos de superação.

O apoio da NESsT Brasil

A NESsT esteve presente como parceira institucional, colaboradora na curadoria e dedicando-se a garantir a participação e o reconhecimento de empreendedores comunitários. O apoio incluiu articulação para o deslocamento e a organização da presença de representantes de organizações do portfólio brasileiro, incluindo ASSOAB, CooperSapó, ManejeBem, Maré de Sabores e Plantus, em painéis, mesas de debate e na feira de negócios, promovendo assim a integração entre saberes tradicionais e atores do setor público e privado.

Além disso, Lida Medina, representante da Asociación de Mujeres Indígenas Trabajadoras de La Libertad (AMITLI), e Carlos Andrés López Descanse, coordenador da Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonia Colombiana (OPIAC), ambas organizações colombianas, participaram do evento com papel de destaque em um painel no palco principal sobre conhecimento ancestral. A atuação da NESsT foi decisiva para trazer as narrativas reais da sociobioeconomia ao centro da discussão.

Para Amélia Ferreira, líder do Grupo de Mulheres da Coopersapó, a participação abriu novas oportunidades de visibilidade. “Foi a primeira vez que participei de um evento desse porte. O apoio da NESsT foi essencial para que nossa experiência fosse valorizada e para que pudéssemos mostrar como a bioeconomia já acontece no dia a dia das comunidades amazônicas”, afirmou.

Vozes que transformam

O gestor de portfólio da NESsT, Bernard Biton, ressaltou que o encontro trouxe uma perspectiva diferente para o debate. Segundo ele, “o potencial de incluir e dar voz a representantes de base e povos da floresta é transformador. Foi revigorante ouvir perspectivas diferentes da narrativa habitual desses tipos de eventos.”

Já a gestora do Fundo Lírio no Brasil, Mariana Lima, destacou a necessidade de repensar a lógica do mercado em relação à bioeconomia. “Só faz sentido discutir bioeconomia e desenvolvimento se incluirmos as comunidades que vivem no território. Infelizmente o mercado não paga mais apenas porque o produto gera impacto; ele precisa ser competitivo em qualidade e preço, além de gerar benefícios sociais e ambientais. E os investidores ainda não estão prontos para trabalhar com a maioria dos negócios do ecossistema. A lógica precisa mudar: não é apenas o negócio que deve se adaptar ao mercado, mas o mercado que deve ser criativo para enfrentar os principais desafios do território”, afirmou.

Avanços e desafios revelados

A realização do BAS 2025 evidenciou o enorme potencial da bioeconomia para gerar renda, conservar a floresta e valorizar saberes locais. Também ficou claro que a ampliação da presença de comunidades tradicionais deve seguir como prioridade, criando condições adequadas de participação para que o protagonismo da bioeconomia amazônica esteja, de fato, nas mãos de quem vive e protege a floresta.

Um compromisso em construção

Ao apoiar o BAS 2025, a NESsT reafirma um compromisso essencial: promover empreendedores amazônicos que articulam inovação, sustentabilidade e saberes ancestrais. Esse alinhamento fundamenta-se na certeza de que um futuro sustentável para a Amazônia exige alianças entre tecnologia, políticas públicas consistentes e o protagonismo de quem vive e protege a floresta — uma construção coletiva de oportunidades reais e transformadoras.