Conheça as sete empresas lideradas por indígenas no programa Amazônia Indígena Direitos e Recursos (AIRR)

A floresta amazônica abriga mais de 400 terras indígenas e é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. Nos últimos anos, a região tem sido ameaçada pelo aumento no desmatamento, resultado da complexa interação de atividades como mineração, agronegócio, extração de madeira, pecuária, entre outros.

As comunidades locais e indígenas são uma das partes interessadas mais importantes contra o desmatamento. Há milhares de anos eles têm conservado a floresta e, equipados com essa sabedoria ancestral, eles detêm a chave para desbloquear a riqueza oferecida pelo imenso bioma que nutre nosso planeta, e fornece benefícios incomensuráveis ​​para nossos sistemas alimentares e de saúde.

Implementado pela NESsT, em parceria com a WWF, federações indígenas nacionais, a Organização dos Povos Indígenas da Amazônia (COICA) e com o apoio da USAID, o programa Amazônia Indígena Direitos e Recursos (AIRR) visa encorajar as populações indígenas a se tornarem atores mais visíveis e ativos na economia sustentável da Amazônia de forma a conservar a biodiversidade da floresta tropical e construir resiliência ambiental, através do desenvolvimento de alternativas de geração de renda com a floresta em pé. Para isso,  o projeto busca apoiar iniciativas econômicas lideradas por indígenas a crescerem de forma equitativa e sustentável, ajudando assim, a amplificar suas vozes.


Em 2019, o projeto iniciou na Colômbia, Equador e Peru, mapeando e avaliando mais de 750 empresas lideradas por indígenas que melhoram a subsistência das aldeias  indígenas nas diversas regiões da Amazônia. Em julho deste ano, as inscrições foram abertas para o Brasil.

Ao todo, foram recebidas 25 inscrições de diferentes iniciativas que trabalham com extrativismo, agricultura e pesca, turismo e artesanato, entre outras cadeias produtivas. Além disso, as inscrições também foram um reflexo da diversidade de povos e etnias existente no Brasil: 18 etnias e 19 terras indígenas estavam representadas. Após um processo criterioso de seleção, que examinou o impacto e o potencial de escala de cada iniciativa, sete foram selecionadas para o programa AIRR Brasil. 

  • Cooperativa de Produção e Desenvolvimento do Povo Indígena Paiter Suruí - COOPAITER - localizados na Terra Indígena Sete de Setembro, na região noroeste de Mato Grosso, a cooperativa é liderada por indígenas da etnia Paiter Suruí. Trabalham com produção e venda da castanha in natura, café especial fermentado e não-fermentado; banana e artesanato.

  • Instituto Munduruku - Localizado na Terra Indígena Apiaká-Kayabi, na região noroeste de Mato Grosso, o instituto trabalha com a cadeia de valor da castanha do Brasil e o açaí, e sua etnia é Munduruku.  trabalho ainda se expande para outras cadeias como o Babaçu e Palmito, em cooperação com associações e comunidades indígenas da região.

  • Associação Indígena Kawaiwete - A associação tem sede na Terra Indígena Apiaká-Kayabi, região noroeste de Mato Grosso, e sua etnia é Kayabi. Também trabalham com a cadeia da castanha-do-pará.

  • Associação Bebô Xikrin do Bacajá - ABEX - localizada na Terra Indígena Trincheira Bacajá, sudeste do Pará, a associação é liderada por indígenas da etnia Mebengokrê - Xikrin. As cadeias de valor são a da castanha do Brasil, óleo de babaçu e sementes de cumaru. Também produzem artesanatos como cadernos, estojos, pochetes, vestidos, entre outros produtos, com pintura de grafismo própria do seu povo, e agora estão apoiando cerca de 150 mulheres com esse trabalho.

  • Associação de Moradores Agroextrativistas e Indígenas do Tapajós - AMPRAVAT - localizada na Terra Indígena Tupinambá, contida na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no oeste do Pará - liderada por indígenas auto-declarados da etnia Tupinambá. Produzem e comercializam mandioca e seus derivados (farinha, tapioca, beiju seco, tucupi), eles inovaram recentemente com a produção de vinho de mandioca e tucupi preto. A Associação, além dos produtos descritos, também está trabalhando com a produção de Plantas Alimentícias Não Convencionais - PANCs e seis espécies de cogumelos, ensinando os membros da aldeia a como usá-los, consumi-los e vendê-los.

  • Casa de Cultura Karajá - A iniciativa é uma loja cultural que expõe e vende produtos de 18 aldeias do Parque Indígena Araguaia, na divisa de Mato Grosso com o Tocantins. Sua etnia é Karajá e a cadeia de valor é o artesanato, produzindo desde miçangas a bonecos de cerâmica e madeira, dentre outros artefatos indígenas.

  • Associação Indígena Xavante Ripá de Produtividade e Etno-desenvolvimento - AIXRPE - A associação representa a etnia Xavante e coleta sementes de árvores e plantas nativas para plantios de restauração da região, fazendo parte da Rede de Sementes do Xingu. A associação promove ainda a agroflorestação do Cerrado na Terra Indígena Pimentel Barbosa no Nordeste de Mato Grosso.

Estima-se que o programa AIRR Brasil irá impactar 1388 pessoas.. Todas as iniciativas selecionadas receberão da NESsT orientação de negócios sob medida, treinamento técnico e financiamento, ajudando-as a se expandir para novos mercados, fortalecendo a comercialização de seus produtos em cadeias de valor sustentáveis.


Este artigo foi possível graças ao apoio generoso do povo americano através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O conteúdo é de responsabilidade da NESsT e não reflete necessariamente as opiniões da USAID ou do Governo dos Estados Unidos.